Impressões sobre o novo "Maracanã"

Eu gosto muito de rock, e meu álbum favorito é o Dark Side Of The Moon. Outro dia mesmo, eu estava procurando em sebos e brechós o vinil deste álbum conceitual e, por vezes, perturbador. Eis que um amigo vira e me fala:

- Ora Bruno, por que afinal você não baixa o álbum da internet? Vem até com som digitalizado, melhor do que um vinil velho e mofado - defecou o sujeito pela boca.

O vinil velho e mofado é que, quando toca, traz consigo a história. Por quantas mãos ele passou, em quantas vitrolas e gramofones ele tocou... e isso faz dele uma peça histórica.

Assim também é com o Maracanã. Era aquela geral bagunçada e sem cadeiras, as arquibancadas apenas com aqueles assentos de plástico e aquela estrutura histórica. Sou do tempo de pegar aquele derradeiro real do bolso e ir de geral. Se chovesse, não estava nem aí! Mesmo que abrissem os portões para que subíssemos, continuava debaixo d'água. Era o Dark Side em vinil. Era o Maracanã que carregava a história de Garrincha, Zico, Casal 20, Roberto Dinamite, Gigghia, Romário, Maurício, Edmundo, Frank Sinatra, etc.

Já não gostei de terem colocado as cadeiras na área da geral, mas até vá lá. Mas mudar o Maracanã do jeito que mudaram? Como bem disse o meu pai: "Não há um traço de Maracanã nisso!"

Concordo com o velho, e sinceramente, fiquei feliz pelas áreas do consórcio às moscas para Vasco 3-1 Fluminense. Bem feito para esses que querem elitizar o público que vai ao Maracanã (se é que podemos o chamar assim). Ingresso de futebol, meu amigo, é no máximo R$20, mesmo assim em jogos importantes.

Não interessa se é novo e bonito. Quero meu Maracanã de vinil de volta. Tão bom quando o Dark Side Of The Moon ouvido da geral.